domingo, 13 de junho de 2010

Mães no mercado de trabalho recebem salários 27% menores


Pesquisa revela que a maternidade causa um efeito negativo sobre o engajamento da mulher no mercado de trabalho. Porém, no longo prazo estes efeitos são minimizados pela experiência profissional adquirida.Que uma parte das mulheres abre mão da carreira profissional para dedicar-se aos filhos não é nenhuma novidade. Contudo, as que permanecem no mercado de trabalho ganham, em média, um salário-hora 27% menor que o das mulheres sem filhos, conforme mostra um estudo apresentado à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP.A pesquisa A maternidade e a mulher no mercado de trabalho, tese de doutorado da economista Elaine Toldo Pazello, teve como principal objetivo "investigar o efeito da maternidade sobre o engajamento da mulher no mercado de trabalho"."O número, porém, é relativo e decorrente de uma série de fatores", garante Elaine. Ela acredita que o índice mais provável tem a ver com a jornada de trabalho: "mulheres com filhos tendem a ter uma jornada menor". Para a economista, o fato de ter um filho faz com que muitas mulheres procurem empregos com jornadas menores, mais flexíveis e que, não raro, paguem menos.
ReflexosA pesquisa aponta ainda dois efeitos da maternidade que, embora estejam em sentidos opostos, coexistem na mesma população: o efeito renda e o efeito substituição. O primeiro produz um efeito positivo no engajamento da mulher no mercado de trabalho. Elaine afirma que "quando nasce uma criança a renda per capita da família cai", fazendo com que a mulher, em tese, trabalhe mais para retomar os padrões. No segundo caso, o efeito é negativo para o engajamento. O recém-nascido necessita de cuidados e atenção, o que faz com que as mães substituam o trabalho formal por outras formas de ocupação, como trabalho doméstico. Além disso, nem sempre compensa sair para trabalhar e pagar para alguém tomar conta da criança. "É uma questão de custo e benefício. De repente o que a mulher vai ganhar no mercado não paga a babá".Porém, a pesquisadora alerta que estes efeitos são predominantes no curto prazo, praticamente desaparecendo no longo. "Realmente, o filho tira a mulher do mercado de trabalho, mas depois ela volta", ressaltando que "a saída (do mercado de trabalho) não prejudica os rendimentos futuros".

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